Arquitetura saudável: Impactos no bem-estar dos usuários
O surgimento de um novo vírus fez com que os planos de muitas pessoas mudassem completamente, exigindo com que elas ficassem em casa e se adaptassem a uma nova rotina. Para muitos moradores, isso significou adaptar as suas casas também.
O problema da falta de espaço ou de um ambiente mal planejado teve que ser solucionado através da criatividade. Mas nem todos os problemas causados por ambientes insalubres podem ser resolvidos dessa maneira, infelizmente. Muitas pessoas começaram a se perguntar o porquê de se sentirem tão desconfortáveis dentro da sua própria casa, afinal, não deveria o lar ser o lugar mais confortável do mundo para seu morador? Pois é, deveria mesmo!
O que acontece é que passamos tão pouco tempo em casa que só agora que somos obrigados a não sair dela é que reparamos como os ambientes têm poder de influenciar o nosso cérebro e afetar nosso bem-estar. Passamos cerca de 90% da nossa vida dentro de ambientes fechados, ou seja, a arquitetura e design dos edifícios precisam ser muito bem projetados para não trazer a sensação de desconforto aos usuários. Podemos transformar nossa vida dentro dos ambientes fechados apenas respeitando o funcionamento do cérebro e como ele é estimulado visualmente.
As principais causas para esse desconforto estão relacionadas a ausência de técnicas de arquitetura como luminosidade e conforto térmico, juntamente com a ausência de técnicas de design como: estudo de cores, funcionalidade do layout, biofilia e ergonomia. Projetos em estilo DIY (o famoso “faça você mesmo” em português) podem ter bons resultados, especialmente para dar personalidade ao ambiente, mas somente um profissional pode ser capaz de aplicar técnicas específicas de conforto ambiental.
Uma iluminação incorreta pode interferir diretamente na qualidade do sono durante a noite, enquanto a falta de conforto térmico pode causar mudanças no comportamento das pessoas. Uma dica importante para tentar amenizar uma casa já construída durante épocas quentes é diminuir a quantidade de mobílias nos ambientes e aumentar os espaços entre os móveis que sobrarem, pois não haverá acúmulo de calor e não atrapalhará a circulação do ar. Importante também ficar de olho na composição dos móveis que ficarem na casa, dê preferência a móveis certificados com selos sustentáveis, pois muitos móveis tem produtos que podem ser nocivos à saúde.
A falta de ventilação também é um problema: o acúmulo de CO2 causado pelo processo de respiração pode causar diversos problemas como cansaço, irritação nos olhos, sonolência e a propagação de diversas doenças.
O mau uso da psicologia das cores pode transformar completamente o humor do indivíduo, e a falta de natureza ao redor também prejudica a saúde física, emocional e mental. Problemas com a funcionalidade do layout e com a ergonomia faz com que as pessoas se sintam desconfortáveis no ambiente, impactando diretamente na falta de concentração.
Mas não são só residências que sofrem com o impacto de uma arquitetura ruim. Comércios e escritórios também sofrem, visto que o conforto e um estudo mais aprofundado sobre como nosso cérebro responde a estímulos visuais são fundamentais para a concentração dos trabalhadores e no crescimento das vendas. Além disso, escritórios bem projetados estimulam mais a criatividade, como mostra o relatório Espaços Humanos: O Impacto Global do Design Biofílico no Ambiente de Trabalho. Esse estudo mostrou que ambientes com técnicas de biofilia, ou seja, contato com elementos naturais, geram cerca de 15% a mais de bem-estar e criatividade e 6% a mais de produtividade do que espaços sem essas técnicas.
A arquitetura e o design de interiores são muito mais que status e beleza. É saúde, conforto e bem-estar. Uma arquitetura correta sempre será uma arquitetura saudável.