Projeto desenvolvido para a participação em um concurso onde a proposta era desenvolver uma habitação temporária para refugiados.
O PROJETO
Os containers já são utilizados em projetos de habitações para refugiados, entretanto ainda é pouco preparado para suprir as atividades básicas dos seres humanos. O projeto, portanto, tenta repensar a utlização dos containers como habitação temporária de qualidade, onde os moradores consigam fazer todas as atividades necessárias de maneira confortável e digna. Desta forma, a reutilização de materiais de difícil descarte que promovem a sustentabilidade e seu novo uso para ações humanitárias torna-se o conceito primordial do projeto.
O container de 20 pés – standart é o mais comum de encontrar, logo, será o modelo utilizado para o projeto. Ele possui aproximadamente uma área de 17,77m² e altura de 2,59m.
COLETIVIDADE:
A fim de conseguir uma área confortável para todas as atividades de uma família, foi pensada uma volumetria simples, mas funcional. A ideia é unir um container do modelo escolhido com parte de outro container desse mesmo modelo. Para a volumetria ficar mais modular e que possa ser unida com outras habitações de maneiras diferentes, foi pensado em deslocar o segundo container cerca de 4,40 metros para o lado, de forma que quando unido com outros blocos, eles formem pátios de convivência para os moradores. Desta maneira, o projeto cria automaticamete uma sensação de coletividade.
As cores no projeto foram pensadas para remeter a um ambiente alegre, utilizando os princípios de psicologia das cores.
NECESSIDADES ATENDIDAS:
Com uma área interna de 20,77m² e área construída de 24,36m², a habitação foi projetada para atender todas as necessidades de uma familia refugiada de até 5 pessoas. Ao entrar na moradia, se encontra a cozinha compartilhada com a área de serviço e uma área para refeições. No segundo container fica a área de dormitório e convívio.
Normalmente em locais onde há habitações temporárias, o banheiro é compartilhado. No caso desse projeto, foi pensado um banheiro em cada habitação, para melhor comodidade. A porta sanfonada é utilizada para não ocupar espaço dentro da moradia.
Um deck desmontável feito com madeira reciclada pode ser acrescido na área externa, a fim de criar mais um espaço de convivência. Para ter mais opções de modularidade, a planta pode ser espelhada.
Como o fluxo migratório de refugiados muda de acordo com os conflitos geopolíticos, o projeto foi pensado para ser móvel, de modo que atenda as demandas de imigração específicas de cada época e lugar.
COMPACTO E FUNCIONAL:
Os móveis projetados para a moradia são de madeira reciclada e pensados para serem compactos. Foi projetado um pequeno gabinete para pia com uma extensão lateral que auxilia no preparo dos alimentos, como uma pequena bancada. Logo abaixo, há um espaço para colocar um frigobar, por exemplo, para que a família não perca alimentos perecíveis. Ao lado do fogão, há um novo gabinete com um tanque e também uma extensão onde é possível dobrar as roupas e guardá-las em um cesto logo abaixo da bancada. Para reforçar o convívio familiar, foi pensado um banco e mesa para até 3 pessoas. Quando houver mais pessoas, cadeiras que ficam penduradas na parede para não ocupar espaço podem ser utilizadas, atendendo até 6 pessoas durante as refeições.
EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE:
Por ser uma habitação móvel, ela pode ser rotacionada para a posição geográfica mais favorável para o edifício, a fim de conseguir melhor iluminação e ventilação natural, bem como eficiência energética dos painéis solares responsáveis pela energia e aquecimento de água da habitação. O abastecimento de água pode ser disponibilizado no local ou feito através de captação de águas pluviais.
Para o conforto termoacústico, a solução encontrada foi revestir o container com drywall e isolamento de lã de pet, que ajuda no controle de temperatura da habitação tanto em lugares quentes quanto lugares frios. Além disso, o drywall esconde as fiações e canos que passam pela edificação. O chão do banheiro é revestido com piso cerâmico e nos demais cômodos, de madeira reciclada.
APREÇO PELA DIVERSIDADE:
Os refugiados vêm de variados lugares do mundo. O segundo cômodo foi projetado para ser lugar de convívio e descanso, sempre respeitando as origens e culturas dos moradores. Por isso, há um sofá cama que acomoda duas pessoas e há uma treliche retrátil, que acomoda mais 3 pessoas, esta tendo compartimentos acima e na lateral para guardar roupas e objetos. Além de trazer maior comodidade aos moradores para que passem maior tempo juntos, estimulando os laços familiares num local desconhecido, esses móveis também são retráteis para fins religiosos e culturais, uma vez que algumas religiões requerem um espaço livre para que as orações sejam realizadas.
Gostou desse projeto? Então te convido a conhecer mais alguns projetos do Estúdio Amaravati clicando aqui.